Quem assaltou o bar Clorofila no parque da zona Norte em Almeirim deve ter tido um peso de consciência tão grande que resolveu pedir desculpas aos donos da empresa que explora o estabelecimento, através de uma carta onde desenharam também um mapa com o trajecto até ao local onde os artigos estavam escondidos. Talvez com medo que um dos sócios do bar não recebesse o pedido de desculpas, os assaltantes não colocaram uma carta mas sim duas por baixo da porta da sua habitação, a pouco mais de 500 metros do local onde deixaram o produto do roubo.
O micro-ondas, o forno, o projector de vídeo, equipamentos de som e outros electrodomésticos lá estavam sem um arranhão numa casa em ruínas na zona da Quinta de S. Miguel, uma urbanização nas traseiras da igreja paroquial. A GNR recuperou o material, mas os ladrões não tiveram o mesmo sentimento de culpa em relação às várias garrafas de bebidas alcoólicas que também desapareceram no assalto. Talvez para afogar os remorsos com tragos de whisky velho.
Na carta escrita em computador, os larápios, além de pedirem desculpa pelo que aconteceu, dizem esperar que o dono do bar “compreenda o que se passou”, acrescentando que “foi o maior erro que já fizemos”. Depois dizem estar arrependidos justificando que nunca lhes passou pela cabeça fazer isto, mas “o estado em que estávamos não era o melhor”. “O nosso objectivo era apenas a bebida, mas o entusiasmo foi maior do que o que pensávamos e passámos os limites”, acrescentam, realçando que só no dia seguinte se aperceberam do que tinham feito.
Pelo teor da carta suspeita-se que os autores do assalto sejam frequentadores do espaço e jovens, pela maneira como escrevem. “Tamos (estamos) com vergonha de dar a cara porque não sabemos qual será a reacção e para evitar que outras pessoas saibam, principalmente a polícia”. Mas a polícia, neste caso a GNR, já sabe. Esteve no bar a seguir ao assalto e no local onde foram deixados os artigos roubados, a recolher vestígios. E também estão na posse desta invulgar missiva.
in Mirante